sábado, março 03, 2007

A História explica

Vejo gente inteligente que não entende o que está acontecendo, e ainda está iludida. São bem intencionados, esperançosos, de boa índole e corretos, mas sua ingenuidade me dá pena. Minha recomendação é que estudem História. Nada melhor para entender os fatos do mundo de hoje compreendendo os fatos do mundo de sempre.

Os trechos a seguir são do livro Stalin, triunfo e tragédia, volume 1 (1879-1939), de Dmitri Volkogonov (1928-1995), coronel-general do exército soviético e oficial da arma de propaganda que teve total acesso aos arquivos do Partido Comunista da URSS. Li-o e recomendo os dois volumes a todos.

(Em itálico esclarecimentos que eu acrescentei.)

Início

Nasceu em 1879, filho de um sapateiro que bebia demais e de mãe analfabeta.Em 1917, aos 37 anos de idade, morava em Stylaya Kureika, no Círculo Ártico.

Background

Durante o período imediatamente após a revolução de 1905, alguns dos membros mais radicais da ala bolchevique indicam que "o militante caucasiano Djugashvili (Stalin)" participou de diversos roubos, se não diretamente, pelo menos como um dos organizadores. Em especial, Martov assevera que o ataque particularmente audacioso, em 1907, aos cossacos que faziam a escolta de um carregamento de dinheiro em Tiflis "não daria certo sem Stalin." Roubaram cerca 1 de 300 mil rublos. Martov escreveu: "Os bolcheviques caucasianos se envolveram em diversas e ousadas empreitadas de natureza expropriatória: o sr. Stalin sabe disso e ele foi certa vez expulso do partido por seu comprometimento em expropriações."

A falta de qualquer atividade criativa ou social durante aquele período relativamente longo (um dos exílios) é prova de sua depressão mental. Ao longo de quatro anos, com acesso a uma biblioteca e muito tempo livre, Stalin não fez esforço algum para empreender qualquer ação séria. Ocorre que ele se comportara exata­mente do mesmo modo durante dois períodos distintos de exílio, em 1908 e 1910, em Solvychegodsk.

Formação

Chegava (Stalin) aos quarenta anos de idade e seu futuro permanecia nebuloso. Não tinha qual­quer qualificação ou experiência profissional, praticamente não trabalhara um dia sequer. Durante trinta anos, o país e o partido seriam governados por um homem sem profissão e sem habilitações, a menos que seja considerada profissão a meia-formação de padre. Molotov, pelo menos, completou o curso secundário, e Malenkov, que largou a universidade, desde cedo revelou-se um apparatchik assíduo da máquina do partido. Stalin, diferentemente de Kaganovich, era incapaz de consertar até um par de sapatos. O espaço para "profissão ou habilitação" dos formulários policiais era sempre preenchido com "empregado de escritório."

E Stalin chega lá...

A despeito de suas "imperfeições", Stalin tinha algo que faltou aos outros, isto é, a possibilidade de usar o aparelho do partido ao máximo em benefício próprio. O aparato era, na sua visão, o instrumento ideal do poder. E nem todos os bolcheviques tinham ouvido o alerta de Lênin sobre Stalin.

“Tendo se tornado Secretário-Geral, o camarada Stalin concentrou ilimitado poder em suas mãos, e não estou muito certo de que ele sempre usará tal poder com cuidado suficiente.” Lênin, Carta ao Congresso

Por que era poderoso?

De onde provinha o "ilimitado poder" do Secretário-Geral? Ele era responsável por todos os problemas correntes, muitos deles de interesse vital para o partido. Mas seu poder principal resultava de ter o comando da seleção e promoção de membros do partido para o centro e para as localidades. Isso significava milhares de membros. De início, a maioria das pessoas não viu as possibilidades ligadas à distribuição de funcionários do partido. Stalin, no entanto, logo fez a conexão entre aparato e partido.


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