Leia antes a postagem anterior
Só para lembrar: Os trechos a seguir também são do livro Stalin, triunfo e tragédia, volume 1 (1879-1939), de Dmitri Volkogonov (1928-1995), coronel-general do exército soviético e oficial da arma de propaganda que teve total acesso aos arquivos do Partido Comunista da URSS.
Estilo e forma de gestão
Stalin concordou com o extermínio de pessoas, evidenciando excepcional e aterradora falta de sentimentos. Listas imensas de indivíduos e grupos eram a ele enviadas.
(...) ele sancionou a execução de seu ex-assistente, A. Nazaretyan, do ex-secretário de Lênin, N. Gorbunov, de seu amigo e ex-secretário do comitê executivo central, A. Yenukidze, de A. Kosarev, a quem ele mesmo descrevera como "líder autêntico da juventude," de seu próprio tutor filosófico, Jan Sten, de A. Solts, com quem partilhou a clandestinidade pré-revolucionária, de Semen Uritsky, oficial de informações por ele muito considerado, de L. Karakhan, ex-vice-comissário do povo de Relações Exteriores, que o Secretário-Geral apresentava como exemplo para os outros, de Ya. Agranov, um chekista e antigo amigo, de A. Bubnov, ao lado de quem cumpriu as ordens de Lênin durante a guerra civil, de I. Vareikis, "um bolchevique duro," em suas próprias palavras, e concordou com a prisão de G. Broido, seu ex-vice no comissariado para as Nacionalidades.
A liberdade não tinha grande prioridade no credo bolchevique.
Caráter impiedoso
O fluxo constante de relatórios, que se transformou em avalanche, teria afetado o moral de qualquer pessoa, aterrorizando-a e abalando-lhe o íntimo. Stalin, no entanto, no auge da repressão, não deixou de ir ao teatro, de assistir filmes em sua dacha, de receber os comissários, de expedir decretos e outros documentos, de organizar ceias à meia-noite, de ditar cartas, de comentar os artigos do Pravda e do Bolshevik. Mesmo que acreditasse piamente que o terror estava eliminando inimigos reais do povo, ainda assim surpreende ao extremo sua falta absoluta de sentimentos e sua crueldade. Ele ficava observando enquanto Ulrikh assinava centenas e centenas de sentenças de morte com total indiferença, um juiz desprovido de emoções, ideal para Stalin e componente vital da guilhotina.
Stalin criou uma imagem idealizada de que não sabia de nada...
Stalin também se preocupou bastante para que seu nome não aparecesse sancionando as "punições de mais alto grau." Existem muitas cartas endereçadas a ele, bem como a Voroshilov, Molotov e outros, implorando clemência. Todos os que escreveram tais cartas pereceram. Uma vez que elas eram freqüentemente lidas sem que fossem rubricadas ou assinadas, Stalin deve ter optado por proferir oralmente sua decisão e, em alguns casos, não autorizar em absoluto a revisão de um caso, de vez que a sorte do solicitante já estava de qualquer forma decidida. Foi esta ocultação de seu papel que levou à lenda, ainda hoje vigorante, de que "ele nada sabia" da repressão. Somente a ignorância da situação real pode explicar a ingenuidade de D.A. Lazurkina, uma bolchevique da velha-guarda, que disse no XXIIo. Congresso, em 1961, que, durante todo o tempo em que esteve na prisão ou em campos de concentração, jamais blasfemou contra Stalin: "Ao longo de todo aquele período, defendi Stalin, a quem outros presos e companheiros acusavam. Eu dizia para eles: 'Não, não é possível que Stalin tenha permitido o que está acontecendo no partido. Não é possível.'"
Cartas para a redação...
Nenhum comentário:
Postar um comentário