quarta-feira, junho 06, 2007

Não discuto gosto musical

Apenas uma vez discuti com alguém sobre gosto musical.
Lá se vão mais de 30 anos.
Foi a primeira e última vez.
Quando eu tinha 13 anos meu pai foi fazer pós-graduação nos States, década de 50, e todos que iam eram quase que obrigados a trazer na volta as novidades musicais do momento, já que essas demoravam quase um ano para chegar ao Brasil. Na época, era moda e quase todos tinham que trazer um disco novo do Elvis. E foi o que os meus amigos ficaram buzinando na minha cabeça durante aquele longo ano em que o velho ficou por lá com minha mãe.
Pois na volta meus pais trouxeram a minha encomenda: os três LPs do concerto de 1938 do Benny Goodman no Carnegie Hall, além do LP da orquestra do Les Brown. Meus amigos não entenderam nada.

Em 1959 me matriculei na academia do Carlos Lyra e fui aprender violão, pois a bossa nova já tinha me fisgado desde o LP Chega de Saudade do João Gilberto em 1958. Meus amigos ainda ouviam rock com Elvis, ou então Little Richard e talvez um twist com Chubby Checker.
Em 1966 fui à Europa, naquela viagem clássica de dois meses que muitos formandos faziam quase ao final de sua graduação. Na PUC-Rio era moda. Beatles comendo solto em toda parte.
Todos compraram os LPs do quarteto, e eu também trouxe os meus LPs, mas de outro inglês: a super orquestra de jazz do Ted Heath.

E em 1967, plena época do iê-iê, com aqueles idiotas Roberto Carlos, Erasmo e Carlos Imperial, só para citar pouco para não trancar o meu teclado, eu participava do Musicanossa, encontros musicais num Teatro em Ipanema, onde só tocavam feras e que revelou muita gente tocando pela primeira vez no Rio, como Egberto Gismonti. E também era sócio do Clube do Jazz e Bossa, encontros no Teatro Casa Grande liderados pelo Jorginho Guinle, e onde só tocava gente do 1o. time. Foi lá que MIlton Nascimento apresentou pela primeira vez suas músicas que ganharam o Festival. Ele de camiseta furada, pois era mais duro que pão dormido. E os cobras do jazz tocavam lá todas as semanas de graça.Em 1978 fui a trabalho a Nova Iorque, e para sorte minha meu ídolo Bill Evans tocava no Blue Note. Assisti tudo que pude, saindo de lá sempre de madrugada. Quando cheguei no Rio o pessoal perguntou se eu tinha ido nas boates da moda (Studio 54 etc). Sorri.

Isso tudo porque em sites de gente do melhor calibre vi citações sobre a música do Jethro Tull. Confesso que não sabia quem era, e fui na Amazon ouvir trechos das músicas do grupo. Ouvi mais de 20, incluindo a música recomendada Thick as a brick. Desculpem-me os amigos que gostam, mas não faz a minha cabeça. Melhor, os meus ouvidos. Tô fora.

Ouvi, não fiquei satisfeito, e fui botar para tocar:
Thick as a solid wall, made of hundreds of bricks.
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